Fotos: Marcelle Cristinne/ASN
Publicado originalmente no site ASN, em 16 de Junho de 2018
Corpo de Bombeiros certificam barracas de fogos em Aracaju
Os municípios de São Cristóvão e Barra dos Coqueiros também
receberam a certificação.
Comerciantes aprovam a atuação do órgão e reforçam os
cuidados com os clientes e consumidores
O Brasil é o segundo maior produtor de fogos de artifícios
no mundo, perdendo apenas para a China. Desta forma, nem só de fogueiras e
quitutes é marcado o período junino, principalmente no Nordeste. Uma das
grandes tradições nesse período, os fogos de artifício com os mais variados estilos,
sons e coloridos tornam as festas ainda mais animadas. Mas, para que a festa
não acabe antes do tempo, alguns cuidados são essenciais na comercialização e
no manuseio desses produtos.
O senhor Napoleão Pereira dos Santos comercializa fogos de
artifício há 38 anos e sempre orienta seus clientes sobre a forma correta de
como utilizá-los. “Eu sempre digo que tudo o que explico se transforma numa
verdadeira aula. Mesmo que o cliente não me pergunte sobre como manusear os
produtos que está levando, faço questão de orientar sobre como soltar, quais os
cuidados e, principalmente, se ele estiver adquirindo fogos para crianças. É
importante que os pais e adultos em geral tenham muito cuidado quando for
orientar as crianças”.
Ainda de acordo com Napoleão, todos os comerciantes de fogos
de artifício, antes mesmo de iniciar as vendas, devem se organizar para
comercializar seus produtos. “Sempre procuramos o Corpo de Bombeiros para
receber a certificação de segurança contra incêndio e pânico. Tudo deve
respeitar as normas estabelecidas, desde o local onde nós nos instalamos até a
forma como estocamos nossos produtos”, ressaltou.
A mesma prática tem Lucival Soares, que comercializa fogos
há 32 anos. “Nós sempre tentamos informar nossos clientes sobre os cuidados na
hora de soltar os fogos. Para alguns tipos, indicamos o uso de luvas e
equipamentos de proteção. Também é importante que se tenha um espaço aberto
para o uso dos fogos. Como as embalagens também informam, pedimos a eles que
leiam e sigam as instruções”. Há cerca de 23 anos comercializando na região do
bairro Coroa do Meio, Lucival afirma que as barracas funcionam de domingo a
domingo o dia inteiro, tendo movimento mais intenso no final do dia.
São João Seguro
O Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe realizou, na semana
passada, no auditório do quartel do CBMSE , um seminário que teve como tema
“São João Seguro”. O objetivo foi discutir medidas de segurança contra incêndio
e pânico envolvendo fogos de artifício. O evento contou com a participação de
proprietários de barracas de fogos, profissionais e acadêmicos da área de
engenharia, além de integrantes do Corpo de Bombeiros que atuam nas atividades
de análise de projetos e vistorias.
O Capitão Marcos Lima, da Diretoria Técnica do CBMSE,
explicou que, durante o seminário, foi apresentada a nova Instrução Técnica que
entrará em vigor no dia 15 de julho. “Esse evento também teve como objetivo
orientar sobre essa nova Instrução Técnica para que os comerciantes se adequem.
É importante que se tenha conhecimento sobre a procedência desses fogos,
porque, em alguns casos, eles são confeccionados de forma artesanal, sem
qualquer tipo de certificação. E eles devem receber o selo do Inmetro, do
Exército Brasileiro, já que os fogos de artifício são controlados pelo
Exército. Mais segurança para quem compra e para quem comercializa esses
produtos”, destacou o capitão.
“Existe um departamento dentro da Polícia Civil chamado
DEFAE – Departamento de Fiscalização de Controle de Armas e Explosivos. A nova
Instrução Técnica já exige a certificação para o comércio de fogos sem
certificação, que deverá ser feita no departamento de fiscalização da Polícia
Civil e apresentada junto ao Corpo de Bombeiros”, explicou o Capitão Marcos.
Certificação
Para que o comércio de fogos de artifício aconteça de forma
legal e segura, os comerciantes devem respeitar algumas determinações que vão
desde ao uso do espaço à quantidade de produtos estocados nas barracas. Segundo
o Capitão Marcos, o CBMSE já vistoriou todas as barracas na capital, bem como
nos municípios de São Cristóvão e Barra dos Coqueiros.
“Primeiramente, os comerciantes devem apresentar a
autorização de uso do terreno, seja ele da prefeitura ou de propriedade
particular. A partir disso, enviamos uma equipe ao local para verificar se foi
realizada alguma construção, porque deve existir um distanciamento das
edificações. Um número superior a cinco barracas, a distância deve ser de 150
metros das edificações e locais de concentração de público. Já com relação à área
de cada barraca, não deve ultrapassar 15 metros quadrados, uma medida
estabelecida que também está relacionada à quantidade de armazenamento dos
fogos de artifício, que não pode ultrapassar 300 quilos”.
Para Lucival Soares, essa certificação facilita o trabalho
dos comerciantes de fogos de artifício. “Considero essa ação do Corpo de
Bombeiros muito importante porque ajuda a gente trabalhar melhor e do jeito
correto. Nós também recebemos orientações importantes como as que foram
passadas no seminário, e isso dá mais segurança ao nosso trabalho”, avaliou.
“Essa licença é muito importante para que nós tenhamos
tranquilidade e segurança durante nosso trabalho. Defendo essas ações e
fiscalizações porque isso ajuda também no nosso contato com os clientes. Não
devemos apenas pensar no lucro. Ele é muito importante, mas só vai aumentar se
o cliente sentir segurança no que está comprando”, declarou Napoleão Pereira.
Dicas de segurança
O senhor Manoel Batista de Oliveira trabalha com fogos de
artifício há mais de 40 anos. “Comecei ainda em Simão Dias, onde nasci e
trabalhei na fabricação. Depois, comecei a comercializar aqui em Aracaju. Temos
muito cuidado com o que vendemos, para a nossa segurança e para a dos clientes”,
enfatizou.
Soltar fogos de artifício nesse período junino já faz parte
da vida de Wilson Santos desde a infância. Natural de Lagarto, o autônomo
sempre procura os produtos nessa época do ano e fica atento à qualidade e modo
de uso. “Sempre soltei e hoje compro também para meu filho e sobrinhos. Mas
fico atento aos que são indicados para a idade deles e ajudo na hora de soltar.
Quando não conheço, peço a orientação dos vendedores já que eles conhecem bem e
podem indicar a forma mais segura”, afirmou.
O Capitão Marcos explica que cada produto tem uma forma de
uso e é fundamental respeitá-las. “Todos os fogos possuem uma classificação que
vai da Classe A a Classe D, que varia conforme a quantidade de pólvora
existente nos fogos. Já que existe essa indicação na embalagem do produto,
orientando sobre a faixa etária indicada, o ideal é respeitar as instruções de
cada embalagem”, alerta.
Ainda segundo o capitão, vale ficar atento à data de
validade e às informações do fabricante descritas nas embalagens. “O
comerciante não pode vender fogos para menores de 18 anos que não estejam
acompanhados dos pais ou responsáveis”, destaca. Confira aqui mais dicas do
Corpo de Bombeiros no cuidado com os fogos de artifício.
Texto e imagens reproduzidos do site: agencia.se.gov.br
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