REGISTRO - Romaria de Nossa Senhora Aparecida completa 15 anos em
Sergipe
Centenas de fieis vão caminhar pela rodovia Rota do Sertão
nesta sexta-feira (12).
Por Anderson Barbosa, G1 SE — Aracaju
Milhares de fieis na
Romaria de Nossa
Senhora Aparecida, em Sergipe.
Foto: Admarcos Santana
Nesta sexta-feira (12), centenas de fiéis devem participar
da 15ª edição da tradicional Romaria de Nossa Senhora Aparecida, na Região
Agreste de Sergipe. A festa traz como tema “Em Jesus, com Maria, transformamos
a vida” e leva uma multidão para o evento de fé.
Os 8 km da rodovia que liga o Povoado Queimadas [Rota do
Sertão], em Ribeirópolis (SE), até a sede do município de Nossa Senhora
Aparecida se transformará mais uma vez no ‘caminho da fé’ com histórias de
milagres e graças atendidas pela intercessão da mãe de Jesus.
No dia da romaria, a população de cerca de 9 mil habitantes
passa para mais de 100 mil, com a presença dos romeiros de várias partes do
Nordeste e de outras regiões do Brasil.
Desde o dia 3 de outubro os católicos da região fazem a
novena em louvor à santa. Na sexta-feira, a programação inicia às 5h30 com a
oração do terço, em seguida, às 6h, celebração da missa de envio dos romeiros e
às 6h30 ocorre a caminhada rumo ao município de Nossa Senhora Aparecida.
Para a Igreja, o gesto dos romeiros é semelhante ao da Mãe
de Jesus, que seguiu o caminhos do Salvador. "Somos caminheiros para o
Pai. Ela nos ajuda a caminhar ao encontro de Deus. Cada devoto tem essa
espiritualidade, que nos coloca na direção de Cristo. É muito bonito quando percebemos
que as pessoas de fato acabam encontrado o amor de Deus neste caminho. Pois são
pessoas que ao longo das suas vidas, nas suas lutas, nos seus trabalhos e
dificuldades encontram o milagre com a ação de Cristo Jesus", diz o padre
da cidade, Douglas Gonçalves.
Após 8 km de caminhada, os fiéis se concentram
no centro de
Nossa Senhora Aperecida (SE).
Foto: Admarcos Santana
Patrimônio de Sergipe
Há dois anos, através da Lei Estadual nº 63/2015, a romaria
virou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Sergipe. Segundo a historiadora
Isabela Cruz, a romaria é considerada uma das mais importantes manifestações do
catolicismo popular do estado.
“A Romaria chama a atenção por sua força devocional no
tecido histórico e social dessa comunidade e por sua capacidade identitária,
afora o fato de estar inserido nas discussões em torno do turismo religioso
como agente fomentador da memória de um povo, gerando lucro e renda ao pequeno
município”, observa.
Em 2004, quando foi criada, havia um decreto do Papa João
Paulo II concedendo indulgências plenárias, que é a remissão dos pecados, nas
peregrinações aos templos dedicados a Nossa Senhora Aparecida. “Romeiros de
todos os cantos que aqui chegam, sejam para pagar as suas promessas, para pedir
ou para renovar suas esperanças com a Mãe de Deus, encontram nesse pedaço de
chão a dimensão de um espaço sagrado. Então, desde o milagre alcançado esse é
um lugar privilegiado de muita devoção e fé”, afirma a historiadora.
Os romeiros carregam na caminhada relatos
de curos
atribuídos a Mãe de Jesus.
Foto: Admarcos Santana
O milagre de Torquato
Nossa Senhora Aparecida é uma das 10 cidades brasileiras com
o mesmo nome e em Sergipe se deve a um milagre de um filho da terra, atribuído
à santa. O relato aparece no livro “Nossa Senhora Aparecida: História, Fé e
Identidade”, que tem como um dos escritores a historiadora Isabela Cruz,
sobrinha do fiel que teve a graça alcançada.
No ano de 1956, José Torquato de Jesus, que na época morava
em São Paulo, teve problemas em um dente, que se agravou com o tempo, passou a
ter dificuldade de se alimentar, por causa do inchaço que atingiu o rosto, o
pescoço e a garganta. Os médicos já não sabiam mais o que fazer para curar o
paciente de 33 anos, que perdeu diversas noites de sono, ficando ainda mais
fragilizado.
“De acordo com a filha Elisabete Maria de Jesus, durante a
sua estadia no estado de São Paulo, ele adoeceu. Movido pela fé, começou a
fazer oração de um modo todo especial lembrou de Nossa Senhora Aparecida e com
muita esperança pediu a intercessão da Mãe. No mesmo instante, apareceu em sua
frente Nossa Senhora Aparecida vestida com habito de uma madre (como ele
falava), escuro e longo, na cabeça um longo véu, testa e pescoço coberto de
branco”, conta Cruz.
"No mesmo instante, apareceu em sua frente Nossa
Senhora Aparecida vestida com habito de uma madre, escuro e longo, na cabeça um
longo véu, testa e pescoço coberto de branco”, Elisabete Maria de Jesus,
romeira
No livro, Elizabete relata que o pai se emocionou ao ver à
santa. “No momento da visão caminhava com a santa fazendo um trajeto em terras
do Povoado Maniçoba, e lá ela mostrava onde queria a capela. Por duas vezes ela
lhe apareceu com um rosto resplandecente e de grande beleza e com os braços
estendidos em forma de cruz”.
Segundo a filha de Torquato, depois desse momento as dores
cessaram. O dente desinflamou sem medicação. Em agradecimento, a capela foi
construída em 1957 e “em 24 de Dezembro de 1975, com a transferência da Sede de
Cruz das Graças para Maniçoba (atual cidade) foi construída a Igreja no mesmo
local e instituiu a partir de 1976 a Festa da Padroeira”.
O nome da cidade, Nossa Senhora Aparecida, também se deve ao
milagre. "Diferentemente de outras cidades que surgem através de um
planejamento, ela surge a partir da fé, de um milagre. O município cresceu e se
desenvolveu em torno da religião e continua revigorando os corações. Digo
sempre que a maior riqueza do povo desse lugar é a fé que têm no coração",
ressalta o padre Douglas Gonçalves.
Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/se
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