Grupo se apresenta no Festival Brincantes,
promovido pela Funcaju.
Segundo a presidente do grupo,
Maria Ione, já são mais de 100 anos de existência
Maria Ione, já são mais de 100 anos de existência
Fotos: Silvio Rocha.
Publicado originalmente no site da PMA, em 21/08/2017.
Brincantes: Parafusos de Lagarto vão levar história e cultura
popular ao festival
Falar de folclore em Sergipe sem citar a riqueza cultural da
cidade de Lagarto é praticamente impossível, principalmente no mês de agosto,
quando as manifestações ganham ainda mais visibilidade em decorrência do Dia do
Folclore. A cidade é o berço de um dos grupos folclóricos mais conhecidos e
importantes de Sergipe: os Parafusos.
A tradição se deve pelo período escravocrata sergipano onde,
para fugir do domínio de seus patrões, os escravos roubavam as anáguas das
sinhazinhas enquanto quaravam para que pudessem fugir das fazendas durante a
madrugada. Assim, quem os visse de longe, pensaria estar diante de
assombrações.
Com a assinatura da Lei Áurea, em 1888, os escravos saíam a
comemorar pelas ruas da cidade vestidos com as anáguas roubadas. Assim, quando
avistados pelo Padre Saraiva Salomão, que logo se encantou pela beleza dos
rodopios, e os dançantes foram nomeados como Parafusos.
Entre o branco das anáguas, a tinta no rosto, os giros
incessantes e a reverberação da luta de um povo que lutou por liberdade, o
grupo passou a ser reconhecido como manifestação popular a partir dos anos
1980, ao ser convidado a participar do Festival de Folclore de Olímpia.
Perpetuação
Para a presidente do Grupo, Maria Ione, de 64 anos, a
possibilidade de participar do esforço para a perpetuação da cultura popular
sergipana, apesar de um grande desafio, é extremamente satisfatória. "São
mais de 100 anos de existência e mais de dez anos que estou presidindo o grupo.
Já nos apresentamos no Brasil inteiro, e quem deseja participar é sempre muito
bem acolhido. Para mim é muito gratificante fazer parte dessa história, é muito
prazeroso", ressalta. O grupo
Parafusos faz parte da associação Folclórica de Lagarto, que existe desde 1997
e funciona na casa da presidente, em Lagarto.
Para o integrante Eder Santana, manter viva a cultura de
seus antepassados e dar continuidade a essa manifestação tem sido a melhor
recompensa para os brincantes. "Já participo do grupo há quase 18 anos e
carrego comigo muito chão, muita história, que me enchem de orgulho. Foram
muitas batalhas, mas também foram muitas conquistas. Para levar o grupo ao
patamar atual, a gente precisou de muita dedicação de todos os companheiros que
fazem parte", conta.
Coreografia
O integrante explica ainda que, para realizar os giros
característicos da dança sem tontear ou cair, existem algumas técnicas que
ajudam na execução. "No início eu quase desisti, ficava sempre tonto, tive
dificuldades em me adaptar. Na primeira vez em que fui convidado por amigos
para participar de um ensaio do grupo, fiquei um pouco enjoado e até jurei não
voltar mais. Só que não pude resistir a um segundo convite e tentei novamente.
Aprendi as técnicas de ensaio com a turma e estou até hoje. Em média a gente
roda por 30 minutos em palco, ou por mais de duas horas no cortejo de
rua".
Segundo Eder, para conseguir realizar os movimentos, basta
seguir a regrinha de três rodopios para um lado e três rodopios para o outro,
sempre marcando um ponto para fixar o olhar, sem mirar o chão. "Torcendo e
destorcendo. Parece complicado, mas com bastante ensaio os movimentos são mais
do que possíveis, e o resultado é umas das mais belas danças regionais",
garante.
Brincantes
O grupo Parafusos, assim como diversos outros grupos
folclóricos de Sergipe, vai fazer parte do Festival Brincantes, promovido pela
Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) nos dias 22 e 23 de agosto. O
evento, que será realizado na praça General Valadão, acontece em alusão ao Dia
do Folclore.
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br
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