Publicado originalmente no site do Cinform, em 20 de julho de 2017.
“Anunciando um dia novo!”
Por Werden Tavares
De forma contraditória, pra recomeçar a coluna que
finalmente chegou à internet – Sério, finalmente! – vamos falar de um artista local. Mas não se
engane. Sim, é sobre um artista daqui de Sergipe, mas que está conectado com os
olhos voltados para o mundo.
A história de Alex Sant’Anna se confunde com o
desenvolvimento da música sergipana e brasileira, navegando por mares onde
trafegam navios do pop, do rock e da chamada MPB. Rótulos que se fazem
desnecessários, como inrotuláveis são os grandes artistas.
05Alex, que é baiano, é pedra fundamental da música feita em
Sergipe desde o final dos anos 90, sempre estando ligado aos movimentos
culturais de Aracaju e ao que acontecia pelo país com sua banda Naurêa além da
sua carreira solo.
Seus trabalhos, solo e banda, trazem algo da música que é
feita pelo resto do mundo, com pesquisa e ideias novas. Suave desenho em forma
e conteúdo. Não por acaso, suas músicas podem ser encontradas em várias
coletâneas nacionais e internacionais como a “Sergipe’s Finest” e “What’s
Happening in Pernambuco” (sim, você leu corretamente Pernambuco) feita com a
curadoria de Paulo André Pires, produtor do festival “Abril Pro Rock” e de
bandas como Mundo Livre S.A. e Nação Zumbi.
Nas frases de “Insônia”, seu novo EP, você irá encontrar e
mesma angustia e agonia contida nas letras dos álbuns anteriores. Mas não se
preocupe quando escutar, apesar desse ar de serem canções quase thomyorkeanas,
ele passa muito bem e é uma pessoa feliz. Porém é um exímio observador social,
como os melhores letristas que você conhece. O principal trabalho anterior é
seu disco “Enquanto Espera” (2015) que foi produzido através de financiamento
coletivo que contou com a contribuição de seus fãs.
Talvez seja mais por influência de outro Tom, o Zé, que faça
com que as melodias de Alex sejam tão inquietas, assim como a sua vontade de
inovar.
Se eu seus primeiros trabalhos Alex já desafiava a forma de
compor no limite dos estilos, mesmo sem ser experimental, em “Insônia” ele se
associa a 4 vozes femininas: Diane Veloso (sua companheira na vida e na arte),
Anne Carol (dona de uma voz forte com cheiro de soul music que dá fôlego a
“Tudo Tanto”), Nicole Donato (de voz e melodia ternas, dessas de arrepiar o
corpo até provocar olhos cheios de águia em “Fudeu”) e a “mulher do Google”.
Sim, na faixa “Tudo Tanto” essa voz robotizada dá sua contribuição ao disco. A
banda que gravou o EP é formada por Leo Airplane (teclado), Luiz Oliva
(guitarra), Rafael Ramos (baixo) e Rodrigo Antônio (bateria).
Além das 3 canções onde Alex amplia os caminhos da
sonoridade presente em seu trabalho anterior, “Enquanto Espera” (2015),
“Insônia” traz um clipe homônimo, dirigido por Baruch Bloomberg e editado por
Lu Silva, que leva o trabalho de Santa’Anna a flertar com a música psicodélica
através de uma arquitetura que vai do roteiro a execução do filme em uma dança
de símbolos buscando significado colhido na emoção de quem assiste. Esse affair
com a psicodelia traduz o que já nota-se na audição da canção.
Certamente os elementos psicodélicos são reflexo da maior
parceria da sua vida musical de Alex: seu irmão Leo Airplane, que mais uma vez
assina a produção do trabalho. No EP “Insonia” Alex mostra o que talvez seja a
sua melhor estratégia enquanto artista: tocar outras pessoas com a sua arte e realizar
criações humanistas incríveis.
Assim como a insônia agonia você, “Insônia” de Alex
Sant’Anna provoca os ouvidos atentos. Arrepia e obriga a cantar junto.
Texto e imagem reproduzidos do site: cinform.com.br
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