Foto reproduzida do site: sergipetradetour.com.br
Postada por Isto é SERGIPE, para ilustrar a presente crônica.
Aracaju.
Por Cleomar Brandi.
Quando te lembro, quando te olho, é como se sentisse pulsar
em minhas veias o ritmo forte do Cacumbi, do canto e da dança do teu povo, como
se minhas narinas fossem docemente invadidas pelo cheiro provocativo das
moquecas domingueiras, como se o vento oceânico das tuas praias repousasse em
minha pele os dentes amigos do salitre que me tempera nos finais de semana.
Quem te espreita de longe, da quietude do morro que te vigia, percebe teu jeito
sinuoso com as mansas águas dos rios que te banham, desenhando contornos na
beleza da tua geografia. Navegando no regaço morno de velhas canoas, cheias de
história de lua e de água, deslizo no teu dorso e percebo a riqueza dos teus
manguezais, onde fervilha o equilíbrio orgânico da natureza, uma festa para os
olhos.
Em finais de tarde, a mansidão das tuas águas acolhe a
labuta do pescador, longínquas gaivotas e o brilho dos frutos do mar, ofertados
pela gratidão do teu ventre. Ali, se mistura o trabalho e a poesia do momento
de intimidade com a natureza…
Tuas ruas simétricas passeiam por praças arborizadas onde o
aracajuano vai buscar a tranquilidade do entardecer à sombra de antigas árvores
que guardam em seus galhos e raízes a sabedoria do tempo. Teu povo passa por
essas ruas, vendedores, estudantes, o homem do povo e o casal de namorados.
Todos eles são acolhidos pela beleza e tranquilidade do teu jeito de ser,
Aracaju.
Como guardião da beleza das tuas praias, a imponência do
farol parece clarear na noite a brisa oceânica que vem de longe afagar os
cabelos da cidade-morena, guardada pelo breve murmúrio das palhas dos
coqueirais. Quem te conhece, quem te visita, Aracaju, guarda nos olhos as
imagens do teu novo rosto, das tuas novas formas, do teu novo jeito de ser.
Quem te conhece, menina, sabe guardar com jeito cúmplice de parceiro as belezas
que tu nos oferece.
Estalo nos dentes os teus coloridos frutos de safras amigas
e acolho oferendas de frutos do mar que provocam meu paladar. Passeando pelos
teus caminhos, viajando nas tuas curvas, banhando-me em tuas águas, é como se
resgatasse de ti a beleza dos gestos dos homens simples do teu ventre.
A geometria boêmia dos teus mercados parece fortaleza de
resgate do teu passado, como se afrontasse, atrevidamente, novos prédios do teu
crescimento ordenado.
Guardo em mim, pelo tempo da minha vida, teus folguedos e
tradições, tua história e tua gente. Atiças minha alma, na cadência de sanfonas
e quadrilhas guardadas no tempo da minha memória e acendes, como fogueiras
juninas, xotes e baiões nas esquinas do meu coração que te ama.
É assim que te guardo, Aracaju, compartilhando de cada
momento vivido, de cada amanhecer que te visita, como se marcasses no coração
da gente uma cumplicidade definitiva dos que te amam.
Texto reproduzido do site: institutomarcelodeda.com.br
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