segunda-feira, 15 de maio de 2017

Sergipe relembra trajetória do líder João Mulungu

Imagem reproduzida do blog: mororialjmulungu.blogspot.com.br

Publicado originalmente no site Palmares, em 19  de janeiro de 2012.

Sergipe relembra trajetória do líder João Mulungu
 by Daiane Souza.

Na data em que o Estado de Sergipe celebra o Dia Estadual de Denúncia contra o Racismo – 19 de janeiro – a população negra sergipana relembra a trajetória de um de seus maiores líderes do século XIX: João Mulungu. O negro que representa as aspirações democráticas do povo de sua raça foi responsável pela libertação de milhares de escravos no colonialismo. A Lei que institui a data voltada a reflexão sobre o racismo no estado é a mesma em que foi capturado este herói da resistência, em 1876.

Nascido em 1851, em uma senzala de Laranjeiras, a 19 quilômetros da capital Aracaju, João Mulungu foi a maior liderança dos quilombos sergipanos. Escravo com profissão de pedreiro, Mulungu viajava por toda a província. Nos anos de 1860, tornou-se conhecido por interagir com grupos revolucionários do município onde nasceu. A região foi considerada berço do pensamento progressista, onde se difundiram pensamentos humanistas e ações libertárias dos negros do estado.
Trajetória - Tendo presenciado a mãe ser morta a chicotadas, Mulungu se revoltou e como um legítimo guerreiro deu início a sua luta pela libertação dos escravos. Formou quilombos predatórios, colaborou com as fugas de milhares e fortaleceu o contingente de negros em Sergipe. Teve sua trajetória contestada pelas autoridades que desejavam tê-lo como troféu.

Traído por um escravo, João Mulungu foi preso em 19 de janeiro de 1876 e sua captura foi destaque em todo o país. A divulgação de sua morte teve como objetivo demonstrar a extinção dos quilombos de Sergipe, porém alcançou efeito inverso ao esperado pela Coroa: com a morte do herói houve o recrudescimento do movimento pela liberdade.

A união dos negros sergipanos ganhou ainda mais força com outros movimentos abolicionistas que aconteciam pelo Brasil e que levaram, em 1888, a assinatura da Lei Áurea. O poder Legislativo da cidade de Laranjeiras reconheceu em 1990, por meio do Decreto-Lei 407 a importância de João Mulungu transformando a data de sua prisão em Dia Estadual de Denúncia contra o Racismo.

Zumbi sergipano – João Mulungu ficou também conhecido como “Zumbi sergipano”. Este título se deu por semelhanças com a história do Herói Nacional Zumbi dos Palmares que viveu no Estado de Alagoas dois séculos antes de seu nascimento. Ambos dedicaram suas vidas à mesma causa, lideraram grandes mobilizações, foram perseguidos e assassinados pelos mesmos motivos.

Nos anos de 1690, era interessante à Coroa Real a morte do negro que liderou o maior quilombo já existente na América Latina. Desmoralizar Zumbi significava mostrar aos negros o que aconteceria aos demais quilombos que se estruturavam pelo país. Traído por um companheiro, Zumbi foi preso, torturado e assassinado. Sua cabeça foi exposta em praça pública a fim de desmentir a crença da população sobre sua imortalidade.

Texto reproduzido do site: palmares.gov.br

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