Publicado originalmente no Portal Infonet, em 24/05/2017.
Violência doméstica e empoderamento são temas de livro
Lançamento de 'A Fórceps' acontece dia 30, no Museu da Gente
Narrativa conta história de Janete representando milhões de
mulheres que vivem no país que possui a quinta maior taxa de feminicídio do
mundo
“Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”. O trecho
da canção de Elza Soares é a representação clássica e histórica da resistência
da mulher à violência doméstica e seu processo de empoderamento. E essa
palavra, que traz a concepção de ter poder sobre si e sobre as situações de sua
vida recebe um maior significado a partir da ascensão da luta feminista, influenciando
livros, filmes e outras produções a abordarem a temática. Uma destas produções
é a obra “A Fórceps”, da jornalista Vivian Reis, publicado pela Editora Diário
Oficial do Estado de Sergipe (Edise), que será lançada no dia 30 de maio, às
17h, no Museu da Gente Sergipana Gov. Marcelo Déda, em Aracaju.
A narrativa ficcional conta a história de Janete
representando milhões de mulheres que vivem no país que possui a quinta maior
taxa de feminicídio do mundo, segundo o Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres
no Brasil, da Organização das Nações Unidas (ONU). Com viés feminista, onde uma
mulher assume o protagonismo da obra, “A Fórceps” nos leva a refletir acerca do
contexto social em que tantas “Janetes” vivenciaram ou ainda vivenciam no país.
Desenvolvimento da obra.
A violência doméstica no Brasil infelizmente ainda é algo
recorrente. Alguns destes casos chegam a estampar as páginas de jornal
diariamente, outros permanecem sem conhecimento, já que as vítimas não se
sentem seguras nem amparadas pela Lei Maria da Penha, e assim, acabam não
denunciando o seu agressor. Outro fator agravante é o julgamento da sociedade
machista em que estamos inseridos, que as culpabiliza pela violência sofrida,
deixando-as acuadas diante à situação.
“A Fórceps” é a síntese disto tudo. Algumas destas histórias
já foram descritas pela própria Vivian Reis, enquanto exercia seu papel de
comunicadora em um dos jornais da capital sergipana, e foi ainda nesta época,
em meados de 2008, que o livro começou a ser rascunhado.
A partir daí, surge a personagem Janete. Moldada com base
nos relatos de violência física e psicológica praticadas contra estas mulheres,
ela, assim como a maioria dos casos, sofreu com a violência ainda na infância,
em seu âmbito familiar e precisou olhar para si mesma para que conseguisse
enfrentar e superar esse trauma.
“Empoderar mais mulheres”.
Aprendiz de feminista, como a própria Vivian Reis se
identifica na apresentação de sua obra, a autora explica que o principal
objetivo do livro é fazer com que outras mulheres se identifiquem com a
personagem principal e busquem inspiração através dela.
“Toda mulher quando ler o livro vai se reconhecer em alguma
característica de Janete. É nesse processo de identificação que você encontra
força, que resgata o seu ‘eu’ feminino, e a partir deste exemplo de superação
da personagem, acredito que muitas mulheres podem ser beneficiadas, e o
objetivo é esse, empoderar mais mulheres”, afirma.
Para o presidente da Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe
(Segrase), Ricardo Roriz, “o livro traz uma discussão extremamente pertinente
para a nossa sociedade, nos proporcionando uma reflexão acerca da luta pela
igualdade de direitos entre os gêneros”.
Com maestria, o jornalista Amaral Cavalcante, responsável
por prefaciar a obra, destaca o trabalho de Vivian, que segundo ele, “coloca o
dedo inquiridor na ferida que sempre acometeu o corpo e a alma das mulheres
violentadas”. Amaral ainda complementa reforçando que “Janete é uma mulher
sofrida como tantas outras que ganha vida neste livro franco e comprometido,
escrito com a mais corajosa sinceridade por outra mulher”, acredita.
Fonte e foto: Segrase.
Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/noticias/cultura
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