sexta-feira, 5 de maio de 2017

Moradores lembram histórias do Bairro Siqueira Campos, em Aracaju

Foto: Portal A8SE.

Publicado originalmente no Portal A8, em 10/03/2015.

Moradores lembram histórias de um dos bairros mais antigos da capital.

Redação Portal A8

Um cantinho avulso da jovem Aracaju, separado por uma lagoa. Assim era o Siqueira Campos nos primeiros anos de vida da capital sergipana. Nesse pedacinho de chão, já existiu o sítio da família Correia que com o tempo, se transformou em endereço. A rua Carlos Correia foi uma homenagem a um dos patriarcas mais tradicionais do bairro.

Carlos Correia Neto, lembra que quase ninguém da família pode prestigiar o momento de homenagem ao avô. Hoje, é um dos poucos que ainda vive no Siqueira Campos. Voltando no tempo, ele destaca o porquê que a rua recebeu o nome do parente.

“Meu avô batalhava pelo desenvolvimento do Siqueira Campos. Ele pediu para o então prefeito José Conrado de Araújo asfaltar praticamente todo bairro que antes tinham ruas de barro. Naquela época, as pessoas eram muito humildes, então meu avô também foi atrás de autoridades para que fizessem um chafariz para que os moradores pudessem pegar água. A felicidade dele é melhorar as condições de vida de onde ele vivia”, afirma Carlos Neto.

A rua Carlos Correia foi batizada com este nome em 1970. A homenagem veio do presidente da câmara de vereadores de Aracaju, José Carlos Barbosa. “Para minha família, essa rua que hoje ainda moro, e o bairro representa muita coisa porque a nossa história é aqui, tudo que a gente viveu”, destaca Carlos.
  
Na época que a família Correia era numerosa na região, o Siqueira Campos era conhecido como Aribé. Nome que se tornou popular com a venda de vasos de cerâmicas, os aribés. Os produtos eram comercializados nas feiras do bairro pelos índios do baixo São Francisco. “As feiras daqui do bairro era uma das mais grandiosas de Aracaju. Gente de toda a parte da cidade vinha comprar as mercadorias aqui”, diz Neto.

A implantação da Rede Ferroviária Federal em Aracaju em 1915, popularizou o bairro devido aos imigrantes que chegavam para trabalhar na linha férrea. A ocasião também foi propícia para o crescimento comercial com o surgimento de oficinas de manutenção de trens.

Durante os anos que viveu no bairro, o neto de Carlos Correia presenciou o desenvolvimento que o Siqueira Campos sofreu e conta que o avô também fez parte destas transformações. “Com a construção da linha ferroviária, as pessoas se arriscavam ao atravessá-la. Ele lutou para construir uma ponte onde todos pudessem se locomover com segurança diante da linha ferroviária”.

A lagoa que separava o Siqueira Campos dos outros pontos de Aracaju foi o propulsor para independência comercial do bairro. A dificuldade em atravessar às aguas, fizeram com que o comércio local se desenvolvesse.

Antigos comerciantes
  
A bodega de Seu Anísio no cruzamento da rua Alagoas com Amazonas foi um dos primeiros pontos comerciais do bairro. Ele comprava as mercadorias em um povoado da cidade de Estância e comercializava os produtos no Siqueira Campos.

“Eu vendia de tudo um pouco, tudo que você imaginar eu tinha. Era uma mistura de padaria, com mercearia, com armazém. Naquela época não tinha nada, todo mundo comprava comigo e o comércio era o negócio que me sustentava. Tudo que construí foi com o lucro da bodega”, expõe Seu Anísio.

Ele conta que em 1954, quando abriu a bodega, o comércio era muito diferente do que é hoje. Naquele tempo, era comum comprar fiado e anotar a dívida em uma caderneta. O pagamento tinha que ser feito em até 30 dias, mas o prazo era estendido para os clientes conhecidos e mais confiáveis. Ao decorrer deste tempo, Seu Anísio viu o comércio crescer no bairro. A concorrência também se ampliou, e por causa da idade, resolveu fechar a bodega no fim dos anos 90. 

Hoje com 96 anos, Seu Anísio vive na mesma residência onde funcionava o seu comércio. Da janela, ele não enxerga mais o rio Sergipe que foi sumindo com a construção de casas e edifícios ao longo dos anos. Atualmente o Siqueira Campos se desenvolveu, e no local onde antes passava a lagoa, deu lugar a avenidas movimentadas.

“Antes era um bairro muito populoso, mas hoje em dia, as famílias estão indo embora devido ao centro comercial que aqui se formou. Atualmente, o Siqueira Campos é rodeado de uma área comercial e industrial, não é um bairro mais para morar. Estou até pensando em vender a minha casa, mas vou levar muitas lembranças. Desde que nasci não sei o que é viver em outro lugar, mas não me arrependo nunca de ter passado minha vida toda neste lugar”, finaliza Carlos Correia Neto.

Texto e imagem reproduzidos do site: a8se.com/sergipe

Um comentário:

  1. Falar aí em lagoas, eu me lembro d,uma grande lagoa na margem da linha férrea, saindo da estação da Leste sentido são Cristovão, dava uns 2 km e tinha pássaros como quero-quero, galo d,água e outros. A lagoa foi aterrada pra dar passagem a uma av. q é a extensão da av. barão de Maruim. Tbm tinha outras pequenas lagoas e sítio de cajueiros e coqueiros. Em frente da sede da PETROBRÁS eu alcancei um sítio grande de coqueiros viçosos e cajueiros e hj é um conjunto habitacional

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