Foto: Portal A8SE.
Publicado originalmente no Portal A8, em 10/03/2015.
Moradores lembram histórias de um dos bairros mais antigos
da capital.
Redação Portal A8
Um cantinho avulso da jovem Aracaju, separado por uma lagoa.
Assim era o Siqueira Campos nos primeiros anos de vida da capital sergipana.
Nesse pedacinho de chão, já existiu o sítio da família Correia que com o tempo,
se transformou em endereço. A rua Carlos Correia foi uma homenagem a um dos
patriarcas mais tradicionais do bairro.
Carlos Correia Neto, lembra que quase ninguém da família
pode prestigiar o momento de homenagem ao avô. Hoje, é um dos poucos que ainda
vive no Siqueira Campos. Voltando no tempo, ele destaca o porquê que a rua
recebeu o nome do parente.
“Meu avô batalhava pelo desenvolvimento do Siqueira Campos.
Ele pediu para o então prefeito José Conrado de Araújo asfaltar praticamente
todo bairro que antes tinham ruas de barro. Naquela época, as pessoas eram
muito humildes, então meu avô também foi atrás de autoridades para que fizessem
um chafariz para que os moradores pudessem pegar água. A felicidade dele é
melhorar as condições de vida de onde ele vivia”, afirma Carlos Neto.
A rua Carlos Correia foi batizada com este nome em 1970. A
homenagem veio do presidente da câmara de vereadores de Aracaju, José Carlos
Barbosa. “Para minha família, essa rua que hoje ainda moro, e o bairro
representa muita coisa porque a nossa história é aqui, tudo que a gente viveu”,
destaca Carlos.
Na época que a família Correia era numerosa na região, o
Siqueira Campos era conhecido como Aribé. Nome que se tornou popular com a
venda de vasos de cerâmicas, os aribés. Os produtos eram comercializados nas
feiras do bairro pelos índios do baixo São Francisco. “As feiras daqui do
bairro era uma das mais grandiosas de Aracaju. Gente de toda a parte da cidade
vinha comprar as mercadorias aqui”, diz Neto.
A implantação da Rede Ferroviária Federal em Aracaju em
1915, popularizou o bairro devido aos imigrantes que chegavam para trabalhar na
linha férrea. A ocasião também foi propícia para o crescimento comercial com o
surgimento de oficinas de manutenção de trens.
Durante os anos que viveu no bairro, o neto de Carlos
Correia presenciou o desenvolvimento que o Siqueira Campos sofreu e conta que o
avô também fez parte destas transformações. “Com a construção da linha
ferroviária, as pessoas se arriscavam ao atravessá-la. Ele lutou para construir
uma ponte onde todos pudessem se locomover com segurança diante da linha
ferroviária”.
A lagoa que separava o Siqueira Campos dos outros pontos de
Aracaju foi o propulsor para independência comercial do bairro. A dificuldade
em atravessar às aguas, fizeram com que o comércio local se desenvolvesse.
Antigos comerciantes
A bodega de Seu Anísio no cruzamento da rua Alagoas com
Amazonas foi um dos primeiros pontos comerciais do bairro. Ele comprava as
mercadorias em um povoado da cidade de Estância e comercializava os produtos no
Siqueira Campos.
“Eu vendia de tudo um pouco, tudo que você imaginar eu
tinha. Era uma mistura de padaria, com mercearia, com armazém. Naquela época
não tinha nada, todo mundo comprava comigo e o comércio era o negócio que me
sustentava. Tudo que construí foi com o lucro da bodega”, expõe Seu Anísio.
Ele conta que em 1954, quando abriu a bodega, o comércio era
muito diferente do que é hoje. Naquele tempo, era comum comprar fiado e anotar
a dívida em uma caderneta. O pagamento tinha que ser feito em até 30 dias, mas
o prazo era estendido para os clientes conhecidos e mais confiáveis. Ao
decorrer deste tempo, Seu Anísio viu o comércio crescer no bairro. A
concorrência também se ampliou, e por causa da idade, resolveu fechar a bodega
no fim dos anos 90.
Hoje com 96 anos, Seu Anísio vive na mesma residência onde
funcionava o seu comércio. Da janela, ele não enxerga mais o rio Sergipe que
foi sumindo com a construção de casas e edifícios ao longo dos anos. Atualmente
o Siqueira Campos se desenvolveu, e no local onde antes passava a lagoa, deu
lugar a avenidas movimentadas.
“Antes era um bairro muito populoso, mas hoje em dia, as
famílias estão indo embora devido ao centro comercial que aqui se formou.
Atualmente, o Siqueira Campos é rodeado de uma área comercial e industrial, não
é um bairro mais para morar. Estou até pensando em vender a minha casa, mas vou
levar muitas lembranças. Desde que nasci não sei o que é viver em outro lugar,
mas não me arrependo nunca de ter passado minha vida toda neste lugar”, finaliza
Carlos Correia Neto.
Texto e imagem reproduzidos do site: a8se.com/sergipe
Falar aí em lagoas, eu me lembro d,uma grande lagoa na margem da linha férrea, saindo da estação da Leste sentido são Cristovão, dava uns 2 km e tinha pássaros como quero-quero, galo d,água e outros. A lagoa foi aterrada pra dar passagem a uma av. q é a extensão da av. barão de Maruim. Tbm tinha outras pequenas lagoas e sítio de cajueiros e coqueiros. Em frente da sede da PETROBRÁS eu alcancei um sítio grande de coqueiros viçosos e cajueiros e hj é um conjunto habitacional
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