Publicado originalmente no Portal Infonet, em 13/07/2012.
O dia 13 de Julho e a História de Sergipe.
Confira o artigo de Andreza Maynard, Doutoranda em História.
Há 88 anos Sergipe viveu um dos capítulos mais emocionantes
de sua História. O fato pouco conhecido pela população em geral foi a revolta
de 13 de julho de 1924. O tumulto começou ainda de madrugada no quartel do
Exército, que à época estava localizado na Praça 24 de Outubro, atual General
Valadão. De lá o capitão Eurípedes Esteves de Lima, e os tenentes Augusto
Maynard Gomes, João Soarino de Mello e Manoel Messias de Mendonça ordenaram a
ocupação de prédios públicos e a prisão das autoridades que discordavam do
levante, a exemplo do comandante do 28º BC, major Jacintho Dias Ribeiro, e do
governador Maurício Graccho Cardoso.
171 civis se alistaram no dia 13 de julho, afirmando
quererem lutar ao lado dos rebeldes. Mas a movimentação de tropas pelas ruas e
a construção de trincheiras nas praias deixaram alguns aracajuanos receosos ao
ponto de fecharam suas casas e irem para o interior, facilitando a vida dos
ladrões que arrombavam residências e estabelecimentos comerciais. Até mesmo a
Catedral foi invadida, mas nada foi levado. Comentava-se à época que os ladrões
não haviam encontrado nada que lhes agradasse.
Os militares rebeldes enviaram tropas para São Cristovão,
Itaporanga, Rosário do Catete e Carmópolis. Depois disso a população começou a
retornar para Aracaju. A movimentação das tropas legalistas comandadas pelo
general Marçal Nonato de Faria inquietava os líderes da revolta em Sergipe e
alarmava os moradores das cidades por onde passavam.
Por fim os rebeldes viram-se num redil. Tropas enviadas pelo
Governo Federal avançavam pelo norte e sul do estado. E o contratorpedeiro
Alagoas posicionava-se a oeste, de frente para Aracaju. Sem comunicação,
cercados por todos os lados e contando com o desafeto dos coronéis do interior,
os líderes da revolta fugiram e os praças ficaram atônitos, facilitando o
avanço das tropas legalistas. A população se dividia entre os que estavam
aliviados pelo retorno à normalidade e os que lamentavam a perda de uma
oportunidade de mudança generalizada na política nacional e local.
A Revolta de 13 de Julho chegou ao fim no dia 2 de Agosto de
1924. Graças às suas convicções os quatro oficiais foram presos e amargaram
alguns anos no cárcere, sendo anistiados por Getúlio Vargas em novembro de
1930. Eurípedes, Maynard, Soarino e Manoel Messias afirmaram lutar em defesa de
uma República livre de corrupção. Muitos brasileiros continuam perseguindo esse
ideal, mas os tempos são outros, bem como a arma utilizada nessa batalha.
Andreza Maynard é Doutoranda em História UNESP/Bolsista
CAPES e integrante do GET/UFS/CNPq. O artigo integra as colaborações feitas à
coluna do Grupo de Estudos do Tempo Presente.
Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/noticias/educacao
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