quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Anne Carol e os Afrodrums mostrarão toda sua arte, política e resistência no evento



Fotos: Divulgação

Publicado originalmente no site da Prefeitura de S.Cristóvão, em 12/11/2018

Especial FASC 2018

Anne Carol e os Afrodrums mostrarão toda sua arte, política e resistência no evento

Com uma voz que ecoa e vibra em todos os espaços, certamente, a sergipana Anne Carol e os Afrodrums (Clebersson, Daniel, Danilo, Alex e André Luiz) não poderiam ficar fora do Festival de Artes de São Cristóvão (FASC). Com uma musicalidade que transita pelo Reggae, Soul e a Música Preta, e inspirados em nomes como Os Ticoãs, Elza Soares, Lauryn Hill, Sandra de Sá e Tia Nadi, a jovem de 23 anos (que canta desde os 16), se apresentará no dia 18 (domingo), às 17h30, no Palco Frei Santa Cecília, na Praça do Carmo, acompanhada de seus chegados. Em entrevista, Anne Carol fala de sua carreira, suas expectativas e muito mais. Confira:

Como se formou a Afrodrums?
Resposta: A ideia era dá um nome para banda, para galera também conhecer a 'cozinha' que também faz toda energia acontecer no palco. Certo dia eu e Binho, o baixista que sempre me acompanhou, mesmo sem banda, teve uma ideia de fazer um Baile Black que iria se chamar AFRODRUMS, sendo que o mesmo não aconteceu, mas como estávamos passando pelo processo de formar a banda,  tivemos essa ideia  pela música que a gente faz que envolve percussão, bateria, drumbass e pela nossa essência, por nós mesmo: jovens negros, artistas e ativistas, resolvemos que tinha tudo a ver se chamar "Anne Carol e os Afrodrums" , daí então foi formada a banda, que hoje conta comigo.

O que a Anne Carol da Afrodrums tem da Anne Carol da banda PrimozRoots (primeira banda que a cantora fez parte)?
Resposta: Foi a primeira banda tendo como integrantes meus primos. Daquele tempo pra cá mudei muito e expandi meus conhecimentos. Tive muitas experiências enquanto mulher negra e artista, digo que ainda tenho tudo, o principal é a raiz, a vontade de viver a música mesmo sabendo que é difícil.

Quais músicas serão trabalhadas no show?
Resposta: A gente trabalha com as músicas autorais como "cheiro bom", "semblantes", "hey garota", "epidérmica", "tudo que virar" e releituras da Música Popular Brasileira como Deixa a gira girar, EMÓRIo, o sino da igrejinha entre outras.

Sergipana de nascença, você estará participando da 35ª do FASC. Qual o valor disso para você enquanto artista? Sergipe tem sido uma terra fértil para os artistas locais?
Resposta: Vai ser muito importante pra gente o show nesse festival grandioso e cheio de cultura, inclusive até familiar, por que minha Tia Nadi, da Mussuca, vai se apresentar com o Samba de Parea. É de um valor muito grande e estamos preparando um show foda. Em Sergipe existe uma cena cultural muito foda de artistas fantásticas, mas infelizmente não são valorizados, fica dependente de edital e quando passa em algum, é uma enorme burocracia , isso acaba até desanimando a não ser que crie asas e voe por aí. Estamos a caminho disso, inclusive.

"Já que você não sabe o que quer, vou te mostrar da qual é [ ...] seu espinhos já não podem me ferir". Essa é uma passagem de uma de suas músicas de trabalho. Qual mensagem você tenta passar em suas canções e você acredita que a arte te protege de 'espinhos'?
Resposta: Música pra mim é um ato político faço do palco o meu quilombo e estou ali para aquilombar, trazer as nossas e os nossos e mostrar 'a da qual é' em forma de notas, melodias e letras que trazem verdades cantadas. Acredito que a arte me protege de várias coisas inclusive dos espinhos diários, das barreiras do dia a dia, canto o amor preto, a revolução preta, a música preta.

Quando você sobe nos palcos, você acredita que está sendo uma representatividade forte para as mulheres negras?
Resposta: Acredito que sim, temos uma música que se chama Epidérmica que fala sobre representatividade:
'Eles querem novas Vênus negra
Eles temem novas Panteras Negras'

O que é ser uma mulher negra artista na atual conjuntura política/social que vivemos?
Resposta: Não é fácil ser mulher negra, artista, lésbica e periférica e na atual conjuntura nem se fala. Todos os dias a gente resiste! Imagine aparecer na mídia, seguindo a rotina sem ser vista como ameaça ou coisa do tipo. Dói muito ser quem sou, quem somos, mas a gente segue firme e sei que não estou sozinha, somos muitas.

Texto e imagens reproduzidos do site: saocristovao.se.gov.br

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