Fotos: Divulgação
Publicado originalmente no site da Prefeitura de S.Cristóvão, em 12/11/2018
Especial FASC 2018
Anne Carol e os Afrodrums mostrarão toda
sua arte, política e resistência no evento
Com uma voz que ecoa e vibra em todos os espaços,
certamente, a sergipana Anne Carol e os Afrodrums (Clebersson, Daniel, Danilo,
Alex e André Luiz) não poderiam ficar fora do Festival de Artes de São
Cristóvão (FASC). Com uma musicalidade que transita pelo Reggae, Soul e a
Música Preta, e inspirados em nomes como Os Ticoãs, Elza Soares, Lauryn Hill,
Sandra de Sá e Tia Nadi, a jovem de 23 anos (que canta desde os 16), se
apresentará no dia 18 (domingo), às 17h30, no Palco Frei Santa Cecília, na
Praça do Carmo, acompanhada de seus chegados. Em entrevista, Anne Carol fala de
sua carreira, suas expectativas e muito mais. Confira:
Como se formou a Afrodrums?
Resposta: A ideia era dá um nome para banda, para galera
também conhecer a 'cozinha' que também faz toda energia acontecer no palco.
Certo dia eu e Binho, o baixista que sempre me acompanhou, mesmo sem banda,
teve uma ideia de fazer um Baile Black que iria se chamar AFRODRUMS, sendo que
o mesmo não aconteceu, mas como estávamos passando pelo processo de formar a
banda, tivemos essa ideia pela música que a gente faz que envolve
percussão, bateria, drumbass e pela nossa essência, por nós mesmo: jovens
negros, artistas e ativistas, resolvemos que tinha tudo a ver se chamar
"Anne Carol e os Afrodrums" , daí então foi formada a banda, que hoje
conta comigo.
O que a Anne Carol da Afrodrums tem da Anne Carol da banda
PrimozRoots (primeira banda que a cantora fez parte)?
Resposta: Foi a primeira banda tendo como integrantes meus
primos. Daquele tempo pra cá mudei muito e expandi meus conhecimentos. Tive
muitas experiências enquanto mulher negra e artista, digo que ainda tenho tudo,
o principal é a raiz, a vontade de viver a música mesmo sabendo que é difícil.
Quais músicas serão trabalhadas no show?
Resposta: A gente trabalha com as músicas autorais como
"cheiro bom", "semblantes", "hey garota",
"epidérmica", "tudo que virar" e releituras da Música
Popular Brasileira como Deixa a gira girar, EMÓRIo, o sino da igrejinha entre
outras.
Sergipana de nascença, você estará participando da 35ª do
FASC. Qual o valor disso para você enquanto artista? Sergipe tem sido uma terra
fértil para os artistas locais?
Resposta: Vai ser muito importante pra gente o show nesse
festival grandioso e cheio de cultura, inclusive até familiar, por que minha Tia
Nadi, da Mussuca, vai se apresentar com o Samba de Parea. É de um valor muito
grande e estamos preparando um show foda. Em Sergipe existe uma cena cultural
muito foda de artistas fantásticas, mas infelizmente não são valorizados, fica
dependente de edital e quando passa em algum, é uma enorme burocracia , isso
acaba até desanimando a não ser que crie asas e voe por aí. Estamos a caminho
disso, inclusive.
"Já que você não sabe o que quer, vou te mostrar da
qual é [ ...] seu espinhos já não podem me ferir". Essa é uma passagem de
uma de suas músicas de trabalho. Qual mensagem você tenta passar em suas
canções e você acredita que a arte te protege de 'espinhos'?
Resposta: Música pra mim é um ato político faço do palco o
meu quilombo e estou ali para aquilombar, trazer as nossas e os nossos e
mostrar 'a da qual é' em forma de notas, melodias e letras que trazem verdades
cantadas. Acredito que a arte me protege de várias coisas inclusive dos
espinhos diários, das barreiras do dia a dia, canto o amor preto, a revolução
preta, a música preta.
Quando você sobe nos palcos, você acredita que está sendo
uma representatividade forte para as mulheres negras?
Resposta: Acredito que sim, temos uma música que se chama
Epidérmica que fala sobre representatividade:
'Eles querem novas Vênus negra
Eles temem novas Panteras Negras'
O que é ser uma mulher negra artista na atual conjuntura
política/social que vivemos?
Resposta: Não é fácil ser mulher negra, artista, lésbica e
periférica e na atual conjuntura nem se fala. Todos os dias a gente resiste!
Imagine aparecer na mídia, seguindo a rotina sem ser vista como ameaça ou coisa
do tipo. Dói muito ser quem sou, quem somos, mas a gente segue firme e sei que
não estou sozinha, somos muitas.
Texto e imagens reproduzidos do site: saocristovao.se.gov.br
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