Fotos: Pritty Reis
Publicado originalmente no site SECULT, em 23 de novembro de 2018
Museu Afro de Sergipe realiza roda de conversa com o tema
“Quilombos – Resistência Cultural”
Alunos do Ensino Médio da cidade de Laranjeiras participaram
do encontro que teve como objetivo trazer a reflexão sobre identidade e
consciência negra
‘O que você vê quando se olha no espelho?’ Essa pergunta deu
início a roda de conversa realizada nesta manhã, 23, no Museu Afro Brasileiro
de Sergipe, na cidade de Laranjeiras. Com o tema “Quilombos –Resistência
Cultural”, a mesa foi conduzida pela superintendente da Secretaria de Estado da
Cultura (Secult), Conceição Vieira, e o assessor de planejamento, Carlos
Nascimento. Na ocasião, alunos do Colégio Estadual Profª Zizinha Guimarães
participaram do debate e também prestigiaram a exposição fotográfica “A face
das mulheres negras de Laranjeiras”.
O Dia Nacional da Consciência Negra é comemorado em 20 de
novembro e a data faz referência à morte de Zumbi que foi líder do Quilombo dos
Palmares. A figura de Zumbi representa o símbolo da resistência dos negros que
foram escravizados no Brasil, bem como a luta por direitos. Durante a roda de
conversa, curiosidades sobre a história da cidade despertaram o interesse dos
presentes como, por exemplo, o preconceito racial que tornou Aracaju a capital
de Sergipe, ao invés de Laranjeiras.
Além de histórica, a luta por liberdade e a resistência para
sobreviver é atual. Segundo Conceição Vieira, quando uma mulher ou homem negro
consegue destaque nos espaços privilegiados da sociedade, é importante
reconhecer a sua trajetória e lutar pelo fim discriminação racial. “A
construção de um mundo mais justo só é possível através da educação, por isso é
preciso fortalecer esses encontros e incentivar os nossos alunos ao
conhecimento histórico e de que é preciso foco e perseverança para quebrar as
barreiras da desigualdade”, enfatiza a superintendente da Secult. Durante a
manhã, Conceição Vieira também visitou a Casa de Cultura João Ribeiro e o Museu
de Arte Sacra.
Para Paulo Vitor, aluno do 3º ano do Ensino Médio, a roda de
conversa foi produtiva e enriquecedora, pois além da inspiração em perseverar
para ocupar futuramente espaços públicos, teve conhecimento sobre a história
que também é sua. “Eu ainda não tinha a noção do que era o quilombo e agora
consigo me reconhecer um pouco mais. Aprendi também sobre a relevância de cada
um assumir a sua identidade negra, se reconhecer e ter orgulho da história do
nosso povo”, declara Vitor.
Os palestrantes colocaram em destaque a necessidade do
reconhecimento e levou os discentes à reflexão da importância da aceitação da
cor da pele, tradições e cultura. “Como eu me vejo? Como eu identifico? Esses
questionamentos precisam estar presentes nos espaços de aprendizado, porque
constroem a identidade. A juventude de Laranjeiras precisa conhecer a sua
história que transcende épocas, idade e tamanho”, enfatiza Carlos Nascimento.
O museu como uma extensão da escola incentiva à cultura, as
tradições e desperta o desejo pela arte. Desta maneira, a diretora do Museu
Afro Brasileiro de Sergipe, Verônica Consuelo, firmou parcerias com as escolas
em Laranjeiras para estimular o conhecimento cultural entre os discentes.
“Estamos em uma cidade de pessoas negras, onde muitos ainda não se reconhecem
assim. Então a gente vai às escolas e mostramos a riqueza cultural e econômica
que personalidades negras nos deram. Além disso, os alunos também visitam o
museu e conhecem a história que nunca deve ser esquecida”, afirma a diretora.
Texto e imagens reproduzidos do site: cultura.se.gov.br
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