Publicado originalmente no site JLPolítica, em 3 de
novembro de 2018
ENTREVISTA - Jozailto Lima
Luciano Barreto: “Nossa bandeira é preço justo, obra
concluída e sociedade atendida”
► Ainda
não pensei na posteridade. Penso no presente”
Luciano Franco Barreto, 78 anos. Eis um sujeito grande sob o
sol de Sergipe. Grande no nome. No modo de viver como empreendedor. Nos gestos
largos. Na passionalidade como encara os negócios, as amizades, a generosidade,
a família, a paz e a briga.
Luciano Barreto é um hiperbólico na forma como transita pela
política há quase 60 anos, desde o momento em que se fazia engenheiro civil na
Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia.
Na Bahia, Luciano chegou de mala e cuia em 1957 como aluno
ainda do terceiro ano do ensino médio do famoso Colégio Central da Bahia,
responsável e afetivamente sacudido por Paulo Figueiredo Barreto e Cleonice
Franco Barreto, que queriam educacionalmente o melhor para ele e os demais
filhos Adilson, Francisco e Marcelo.
De olhar grande e muito inquieto, Luciano Barreto, quase
ainda imberbe, recém-formado engenheiro em 1963 pela UFBA, caiu no radar do
apreço de ninguém menos do que o governador da Bahia de 1963 a 1967, o
odontólogo Lomanto Júnior (1924-2015).
Como no verso da canção de Gilberto Gil, Lomanto lhe “deu
régua e compasso”. Mandou-o tocar obras públicas em sua Jequié natal, onde
Luciano conviveu com Norberto Odebrecht, o mitológico fundador da Construtora
Odebrecht.
Mas, valendo-se da liderança que ele desenvolvera e
aprofundara no curso de Engenharia da Escola Politécnica, Luciano Barreto
intuiu que o sol lhe brilharia bem mais forte em Sergipe, por quem nutre um
confessável afeto.
Em 1966, Luciano Barreto, ainda com o pé na Bahia, e os
cunhados Luiz e Tarcísio Teixeira já eram donos da Norcon, empresa adquirida
junto ao construtor Gerci Pinheiro Machado com ajuda dos pais dos três - Paulo
Barreto e Oviedo Teixeira.
Mas essa lua de mel - ou fel - durou pouco. O negócio rendeu
homéricas desavenças com os cunhados, e Luciano pulou fora. No dia 22 de maio
de 1968, ele já estava encastelado numa salinha da Avenida Rio Branco, onde o
pai “tinha um prédio fechado”. Nascia ali a Construtora Celi, em cujo nome ele
homenageava a grande companheira Maria Celi.
“Começamos só com a mesa de trabalho, um telefone e um fusca
usado”, sintetiza ele. Cinquenta anos depois, e a Construtora Celi dispensa
apresentação. Dizem as boas línguas que ela é dona do maior “land bank”, bancos
de terrenos urbanos, de Sergipe, notadamente em Aracaju.
A grandeza pessoal e patrimonial de Luciano Barreto
encontram nesse e em outros temas ligados à riqueza e a opulência um paredão
bem concretado. Intransponível.
Sobre o banco de terreno, ele prefere a tangente da
humildade. “Prefiro não quantificar, porque pode parecer arrogância. É o
suficiente para se constituir numa matéria-prima importante para ser usada ao
longo de muitos anos”, diz ele.
Na verdade, apesar do tamanho, Luciano Barreto pensa como
gente simples. Bem remunerado como pessoa física pela Celi, se acha um
privilegiado classe média. Mora super bem, mas usa carros e roupas sem o menor
traço de extravagância ou triunfalismo. É um normal, que diz respeitar muito
seus colaboradores.
Apesar dos seus tantos afazeres como grande empresário,
Luciano ainda encontra tempo para ser um briguento presidente da Aseopp -
Associação Sergipana dos Empresários de Obras Públicas e Privadas - e um
solidário comandante do Instituo Luciano Barreto Júnior - ILBJ.
Em uma, ele avança positivamente sobre os interesses
aviltados da sua classe. De gente até, patrimonialmente, bem menor do que ele.
Com o ILBJ, busca cauterizar diariamente “uma dor que não tem nome”, que é a
simbolizada pela morte precoce de Luciano Barreto Júnior no dia 6 de setembro
de 2002.
“Eu nunca aceitei a morte de Júnior. Mas nunca questionei o
porquê”, diz ele. Logo após a morte do filho, Luciano encontrou nos papeis
rabiscados por Júnior a constituição completa do ILBJ.
Só que o jovem não dava o nome de Instituto Luciano Barreto
Júnior. Dava o de Instituto Paulo Figueiredo Barreto. Ao materializar esse
projeto, o pai é que lhe deu o nome, em memória. Pelo ILBJ já passaram 15 mil
jovens, todos de origem pobre. A família não aceita um tostão de ninguém como
ajuda.
Em 22 de maio de 1968, ele inaugurou a sua construtora
Convidado de número 93 da Entrevista Domingueira do Portal
JLPolítica – ela existe há 20 meses -, Luciano Barreto rendeu uma sólida
conversa desdobrada em 83 perguntas.
Ele é profícuo na memória e na verbalização dela.
Por uma decisão do Portal, a Entrevista dele foi segmentada
em quaro temas que lhe parecem muito caros: 1 - Os negócios; 2 - O líder; 3 - A
política e 4 - A família.
Dentro desse espectro, Luciano Barreto produz importantes
reflexões.
Para que esse lead não fique cansativo, o JLPolítica convida
a você, leitor, a ir ao corpo da Entrevista.
Ela fala por si só. E tem muitíssimo a dizer.
O nome Construtora Celi homenageava a
grande companheira
Maria Celi
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