Relembrando a SCAS
Por Ivan Valença (Coluna Ponto de Vista/Alô News)
Esta semana bateu-me uma baita saudade de duas décadas do
século passado, os anos 50 e 60 – que Deus os tenha em bons lugares. Perguntará o leitor, incrédulo, como se ter
saudades de algo tão remoto no tempo, uma época em que muita coisa ainda
engatinhava. Uma época em que não havia ônibus e o transporte público era
dominado por marinetes e que os taxis eram poucos, não passavam de 300 ou 400.
Uma época em que os telefones não eram automáticos e os telefones celulares
eram objetos de contos científicos. Era assim mesmo que temos saudades daquela
época. Porque naquela cidade pequena, acanhada, de poucos carros e ainda um
golpe militar, o de 1964 a nos perseguir, havia porém uma entidades que pelo
menos uma vez por mês promovia um show de grandes artistas e que nos enchia a
alma de música sobejamente de boa qualidade.
A Sociedade de Cultura Artística de Sergipe (SCAS) chegou a
possuir, no auge, quase 800 e poucos associados que enchiam até o limite de sua
capacidade o ainda incipiente auditório do Teatro Atheneu. Foi fundada em 1952
e era presidida por um intelectual sergipano e que, muitos anos depois, foi
morar em São Paulo: Felte Bezerra. Depois, a SCAS foi presidida por José Carlos
Teixeira e quando ele deixou Aracaju para ser deputado federal, o professor
João Costa, também conhecido como um gabaritado teatrólogo. Música clássica, cinema, ballet, teatro,
sessões de poesia falada, compunham basicamente a programação da SCAS.
Boa parte desses espetáculos era de grupos estrangeiros
trazidos pela SCAS - São Paulo e vindo para Aracaju logo em seguida. Os cachês
destes grupos eram pagos em dólares tão logo terminava o espetáculo. A agência
local do Banco do Brasil fazia o câmbio dessas moedas e providenciava a troca
de cruzeiros por dólares, liras, marcos alemães, francos franceses que eram
entregues ao representante dos grupos enquanto os artistas ainda estavam em
cena.
Dos artistas que se apresentaram por aqui, trazidos pela SCAS
certamente a de maior fama era da bailarina, grega de nascimento, Tamara
Toumanova. Ela parecia caminhar
sustentando-se nos pequenos dedos dos pés. Foi emocionante ver e ouvir os
aplausos a ela direcionados ao término do espetáculo, durante o qual ela dançou
algumas peças clássicas do seu repertório. Foi um só espetáculo, dedicado aos
associados da SCAS. Não havia ingressos à venda: para ver Tamara Toumanova só
sendo sócio da SCAS.
Texto e imagem reproduzidos do site: alonews.com.br
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